sexta-feira, 10 de junho de 2011

Sobre o ato de abraçar


Vovó Paé me disse que as histórias tristes a gente deve escrever na areia. Eu entendo esta mensagem, mas peço licença para escrever uma história triste, porque algumas palavras sobre o ato de abraçar decorrem desta história.

Era 2003, mainha tinha ido para a casa de vovó. Quando voltou, eu perguntei como tinha sido lá. “Sua vó foi direto de Cajueiro para o hospital. Ela disse que chegou lá 'toda cafajeste' e que o médico nem tinha dado atenção para ela. Mas ela falou que conseguiu ver vovó Guilhermina”.

Depois daquele dia, eu comecei a chamar pessoas mal-vestidas de “toda cafajeste”. Rio sempre porque lembro de vovó Paé falando “toda cafajeste”. Mas também naquele dia a mãe de vovó Paé não votaria mais para a casa. Vovó Guilhermina, minha bisavó, tinha sido internada porque tinha passado mal. Eu não lembro muito bem o que aconteceu, também nem procurei saber muito porque aquilo, para mim, era apenas a idade. Eu entendia que a fragilidade da saúde de vovó Guilhermina era porque ela já se encontrava velhinha, com seus 88 anos.

Foi mais ou menos um mês de idas e vindas ao Hospital do Coração, de visitas a UTI e de um coma que já não acabava mais. Vovó Paé contou para mim que tentou conversar com a mãe dela antes do coma, perguntando se ela sabia quem era. Vovó Guilhermina, que já não estava muito consciente, disse: “não é Dunga? É Alexandre”.

Numa sexta-feira à noite, enquanto eu ficava aperreando mainha para a gente assistir “Carandiru” no cinema, pois só poderia assistir ao filme acompanhado de um maior de idade, o telefone tocou. E, como era tio Hércules e muito raramente tio Hércules ligava lá para casa, eu já imaginava qual era a notícia.

Mainha ficou chorosa, com o rosto mais vermelho do que o usual. Começou a ligar para outras pessoas e a informar que vovó Guilhermina tinha morrido. O meu cinema de sexta-feira furou, além de que o sábado seria dia de enterro. O domingo, que já seria um dia das mães sisudo com a situação da bisavó, só se tornaria um pouco mais lamentável.

No cemitério, já se encontrava diversos familiares ao redor do caixão, dentro da capela. Eu não consegui entrar e fiquei escutando a missa do lado de fora, observando a situação distante juntamente com minhas duas irmãs mais velhas. Lembro que o clima estava muito agradável, lembro como eu achei ótimo as meninas da ginástica terem ido ao enterro e dá um apoio para vovó Paé. Lembro também o quão eu fiquei incomodado com pessoas usando óculos escuros dentro de uma capela, como se fosse vergonhoso mostrar lágrimas em um enterro.

Até o fim da missa, eu não chorei. Só que a minha avó Paé, que até então não tinha falado nada, se pronunciou. Não lembro muito bem quais foram as palavras delas, mas a mensagem foi mais ou menos assim: “Quando eu era criança, mamãe tinha a pele muito vermelha e desgastada. Ela achava que aquilo era contagioso e pedia para a gente não ficar abraçando ela. Só que aquilo não era contagioso. Hoje eu percebi que não vou poder mais abraçá-la. Queria dizer para vocês, filhos e netos, que sempre que puder abraçar seu pais, sua mães ou seus avós, abrace-os”.

Aquelas poucas palavras fizeram com que eu e as minhas irmãs se aproximassem para dentro da capela. E, se até então eu estava mais atento em pequenas bobagens, eu percebi que vovó Guilhermina iria fazer falta para muita gente. Foram as palavras de vovó Paé, juntando-se ao corpo daquela velhinha dentro de um caixão, que fizeram com que eu começasse a chorar.

O choro, no entanto, sVovó Paé me disse que as histórias tristes a gente deve escrever na areia. Eu entendo esta mensagem, mas peço licença para escrever uma história triste, porque algumas palavras sobre o ato de abraçar decorrem desta história.

Era 2003, mainha tinha ido para a casa de vovó. Quando voltou, eu perguntei como tinha sido lá. “Sua vó foi direto de Cajueiro para o hospital. Ela disse que chegou lá 'toda cafajeste' e que o médico nem tinha dado atenção para ela. Mas ela falou que conseguiu ver vovó Guilhermina”.

Depois daquele dia, eu comecei a chamar pessoas mal-vestidas de “toda cafajeste”. Rio sempre porque lembro de vovó Paé falando “toda cafajeste”. Mas também naquele dia a mãe de vovó Paé não votaria mais para a casa. Vovó Guilhermina, minha bisavó, tinha sido internada porque tinha passado mal. Eu não lembro muito bem o que aconteceu, também nem procurei saber muito porque aquilo, para mim, era apenas a idade. Eu entendia que a fragilidade da saúde de vovó Guilhermina era porque ela já se encontrava velhinha, com seus 88 anos.

Foi mais ou menos um mês de idas e vindas ao Hospital do Coração, de visitas a UTI e de um coma que já não acabava mais. Vovó Paé contou para mim que tentou conversar com a mãe dela antes do coma, perguntando se ela sabia quem era. Vovó Guilhermina, que já não estava muito consciente, disse: “não é Dunga? É Alexandre”.

Numa sexta-feira à noite, enquanto eu ficava aperreando mainha para a gente assistir “Carandiru” no cinema, pois só poderia assistir ao filme acompanhado de um maior de idade, o telefone tocou. E, como era tio Hércules e muito raramente tio Hércules ligava lá para casa, eu já imaginava qual era a notícia.

Mainha ficou chorosa, com o rosto mais vermelho do que o usual. Começou a ligar para outras pessoas e a informar que vovó Guilhermina tinha morrido. O meu cinema de sexta-feira furou, além de que o sábado seria dia de enterro. O domingo, que já seria um dia das mães sisudo com a situação da bisavó, só se tornaria um pouco mais lamentável.

No cemitério, já se encontrava diversos familiares ao redor do caixão, dentro da capela. Eu não consegui entrar e fiquei escutando a missa do lado de fora, observando a situação distante juntamente com minhas duas irmãs mais velhas. Lembro que o clima estava muito agradável, lembro como eu achei ótimo as meninas da ginástica terem ido ao enterro e dá um apoio para vovó Paé. Lembro também o quão eu fiquei incomodado com pessoas usando óculos escuros dentro de uma capela, como se fosse vergonhoso mostrar lágrimas em um enterro.

Até o fim da missa, eu não chorei. Só que a minha avó Paé, que até então não tinha falado nada, se pronunciou. Não lembro muito bem quais foram as palavras delas, mas a mensagem foi mais ou menos assim: “Quando eu era criança, mamãe tinha a pele muito vermelha e desgastada. Ela achava que aquilo era contagioso e pedia para a gente não ficar abraçando ela. Só que aquilo não era contagioso. Hoje eu percebi que não vou poder mais abraçá-la. Queria dizer para vocês, filhos e netos, que sempre que puder abraçar seu pais, sua mães ou seus avós, abrace-os”.

Aquelas poucas palavras fizeram com que eu e as minhas irmãs se aproximassem para dentro da capela. E, se até então eu estava mais atento em pequenas bobagens, eu percebi que vovó Guilhermina iria fazer falta para muita gente. Foram as palavras de vovó Paé, juntando-se ao corpo daquela velhinha dentro de um caixão, que fizeram com que eu começasse a chorar.

O choro, no entanto, se intensificou, porque eu fui me sentar ao lado da minha mãe, que soluçava na primeira cadeira em frente ao caixão. Ela, que estava muito abalada, encostou a cabeça no meu ombro. Eu poderia ter pego as palavras de vovó Paé e ter abraçado minha mãe, mas eu me senti tão frágil que não consegui fazer isso.

A lição que acabara de ser ensinada, que era de fazer demonstrações de afeto enquanto a gente pode demonstrar, já não era cumprida. Posso não ter abraçado a minha mãe naquela hora, mas a menVovó Paé me disse que as histórias tristes a gente deve escrever na areia. Eu entendo esta mensagem, mas peço licença para escrever uma história triste, porque algumas palavras sobre o ato de abraçar decorrem desta história.

Era 2003, mainha tinha ido para a casa de vovó. Quando voltou, eu perguntei como tinha sido lá. “Sua vó foi direto de Cajueiro para o hospital. Ela disse que chegou lá 'toda cafajeste' e que o médico nem tinha dado atenção para ela. Mas ela falou que conseguiu ver vovó Guilhermina”.

Depois daquele dia, eu comecei a chamar pessoas mal-vestidas de “toda cafajeste”. Rio sempre porque lembro de vovó Paé falando “toda cafajeste”. Mas também naquele dia a mãe de vovó Paé não votaria mais para a casa. Vovó Guilhermina, minha bisavó, tinha sido internada porque tinha passado mal. Eu não lembro muito bem o que aconteceu, também nem procurei saber muito porque aquilo, para mim, era apenas a idade. Eu entendia que a fragilidade da saúde de vovó Guilhermina era porque ela já se encontrava velhinha, com seus 88 anos.

Foi mais ou menos um mês de idas e vindas ao Hospital do Coração, de visitas a UTI e de um coma que já não acabava mais. Vovó Paé contou para mim que tentou conversar com a mãe dela antes do coma, perguntando se ela sabia quem era. Vovó Guilhermina, que já não estava muito consciente, disse: “não é Dunga? É Alexandre”.

Numa sexta-feira à noite, enquanto eu ficava aperreando mainha para a gente assistir “Carandiru” no cinema, pois só poderia assistir ao filme acompanhado de um maior de idade, o telefone tocou. E, como era tio Hércules e muito raramente tio Hércules ligava lá para casa, eu já imaginava qual era a notícia.

Mainha ficou chorosa, com o rosto mais vermelho do que o usual. Começou a ligar para outras pessoas e a informar que vovó Guilhermina tinha morrido. O meu cinema de sexta-feira furou, além de que o sábado seria dia de enterro. O domingo, que já seria um dia das mães sisudo com a situação da bisavó, só se tornaria um pouco mais lamentável.

No cemitério, já se encontrava diversos familiares ao redor do caixão, dentro da capela. Eu não consegui entrar e fiquei escutando a missa do lado de fora, observando a situação distante juntamente com minhas duas irmãs mais velhas. Lembro que o clima estava muito agradável, lembro como eu achei ótimo as meninas da ginástica terem ido ao enterro e dá um apoio para vovó Paé. Lembro também o quão eu fiquei incomodado com pessoas usando óculos escuros dentro de uma capela, como se fosse vergonhoso mostrar lágrimas em um enterro.

Até o fim da missa, eu não chorei. Só que a minha avó Paé, que até então não tinha falado nada, se pronunciou. Não lembro muito bem quais foram as palavras delas, mas a mensagem foi mais ou menos assim: “Quando eu era criança, mamãe tinha a pele muito vermelha e desgastada. Ela achava que aquilo era contagioso e pedia para a gente não ficar abraçando ela. Só que aquilo não era contagioso. Hoje eu percebi que não vou poder mais abraçá-la. Queria dizer para vocês, filhos e netos, que sempre que puder abraçar seu pais, sua mães ou seus avós, abrace-os”.

Aquelas poucas palavras fizeram com que eu e as minhas irmãs se aproximassem para dentro da capela. E, se até então eu estava mais atento em pequenas bobagens, eu percebi que vovó Guilhermina iria fazer falta para muita gente. Foram as palavras de vovó Paé, juntando-se ao corpo daquela velhinha dentro de um caixão, que fizeram com que eu começasse a chorar.

O choro, no entanto, se intensificou, porque eu fui me sentar ao lado da minha mãe, que soluçava na primeira cadeira em frente ao caixão. Ela, que estava muito abalada, encostou a cabeça no meu ombro. Eu poderia ter pego as palavras de vovó Paé e ter abraçado minha mãe, mas eu me senti tão frágil que não consegui fazer isso.

A lição que acabara de ser ensinada, que era de fazer demonstrações de afeto enquanto a gente pode demonstrar, já não era cumprida. Posso não ter abraçado a minha mãe naquela hora, mas a mensagem ficou. Até hoje essas palavras meVovó Paé me disse que as histórias tristes a gente deve escrever na areia. Eu entendo esta mensagem, mas peço licença para escrever uma história triste, porque algumas palavras sobre o ato de abraçar decorrem desta história.

Era 2003, mainha tinha ido para a casa de vovó. Quando voltou, eu perguntei como tinha sido lá. “Sua vó foi direto de Cajueiro para o hospital. Ela disse que chegou lá 'toda cafajeste' e que o médico nem tinha dado atenção para ela. Mas ela falou que conseguiu ver vovó Guilhermina”.

Depois daquele dia, eu comecei a chamar pessoas mal-vestidas de “toda cafajeste”. Rio sempre porque lembro de vovó Paé falando “toda cafajeste”. Mas também naquele dia a mãe de vovó Paé não votaria mais para a casa. Vovó Guilhermina, minha bisavó, tinha sido internada porque tinha passado mal. Eu não lembro muito bem o que aconteceu, também nem procurei saber muito porque aquilo, para mim, era apenas a idade. Eu entendia que a fragilidade da saúde de vovó Guilhermina era porque ela já se encontrava velhinha, com seus 88 anos.

Foi mais ou menos um mês de idas e vindas ao Hospital do Coração, de visitas a UTI e de um coma que já não acabava mais. Vovó Paé contou para mim que tentou conversar com a mãe dela antes do coma, perguntando se ela sabia quem era. Vovó Guilhermina, que já não estava muito consciente, disse: “não é Dunga? É Alexandre”.

Numa sexta-feira à noite, enquanto eu ficava aperreando mainha para a gente assistir “Carandiru” no cinema, pois só poderia assistir ao filme acompanhado de um maior de idade, o telefone tocou. E, como era tio Hércules e muito raramente tio Hércules ligava lá para casa, eu já imaginava qual era a notícia.

Mainha ficou chorosa, com o rosto mais vermelho do que o usual. Começou a ligar para outras pessoas e a informar que vovó Guilhermina tinha morrido. O meu cinema de sexta-feira furou, além de que o sábado seria dia de enterro. O domingo, que já seria um dia das mães sisudo com a situação da bisavó, só se tornaria um pouco mais lamentável.

No cemitério, já se encontrava diversos familiares ao redor do caixão, dentro da capela. Eu não consegui entrar e fiquei escutando a missa do lado de fora, observando a situação distante juntamente com minhas duas irmãs mais velhas. Lembro que o clima estava muito agradável, lembro como eu achei ótimo as meninas da ginástica terem ido ao enterro e dá um apoio para vovó Paé. Lembro também o quão eu fiquei incomodado com pessoas usando óculos escuros dentro de uma capela, como se fosse vergonhoso mostrar lágrimas em um enterro.

Até o fim da missa, eu não chorei. Só que a minha avó Paé, que até então não tinha falado nada, se pronunciou. Não lembro muito bem quais foram as palavras delas, mas a mensagem foi mais ou menos assim: “Quando eu era criança, mamãe tinha a pele muito vermelha e desgastada. Ela achava que aquilo era contagioso e pedia para a gente não ficar abraçando ela. Só que aquilo não era contagioso. Hoje eu percebi que não vou poder mais abraçá-la. Queria dizer para vocês, filhos e netos, que sempre que puder abraçar seu pais, sua mães ou seus avós, abrace-os”.

Aquelas poucas palavras fizeram com que eu e as minhas irmãs se aproximassem para dentro da capela. E, se até então eu estava mais atento em pequenas bobagens, eu percebi que vovó Guilhermina iria fazer falta para muita gente. Foram as palavras de vovó Paé, juntando-se ao corpo daquela velhinha dentro de um caixão, que fizeram com que eu começasse a chorar.

O choro, no entanto, se intensificou, porque eu fui me sentar ao lado da minha mãe, que soluçava na primeira cadeira em frente ao caixão. Ela, que estava muito abalada, encostou a cabeça no meu ombro. Eu poderia ter pego as palavras de vovó Paé e ter abraçado minha mãe, mas eu me senti tão frágil que não consegui fazer isso.

A lição que acabara de ser ensinada, que era de fazer demonstrações de afeto enquanto a gente pode demonstrar, já não era cumprida. Posso não ter abrVovó Paé me disse que as histórias tristes a gente deve escrever na areia. Eu entendo esta mensagem, mas peço licença para escrever uma história triste, porque algumas palavras sobre o ato de abraçar decorrem desta história.

Era 2003, mainha tinha ido para a casa de vovó. Quando voltou, eu perguntei como tinha sido lá. “Sua vó foi direto de Cajueiro para o hospital. Ela disse que chegou lá 'toda cafajeste' e que o médico nem tinha dado atenção para ela. Mas ela falou que conseguiu ver vovó Guilhermina”.

Depois daquele dia, eu comecei a chamar pessoas mal-vestidas de “toda cafajeste”. Rio sempre porque lembro de vovó Paé falando “toda cafajeste”. Mas também naquele dia a mãe de vovó Paé não votaria mais para a casa. Vovó Guilhermina, minha bisavó, tinha sido internada porque tinha passado mal. Eu não lembro muito bem o que aconteceu, também nem procurei saber muito porque aquilo, para mim, era apenas a idade. Eu entendia que a fragilidade da saúde de vovó Guilhermina era porque ela já se encontrava velhinha, com seus 88 anos.

Foi mais ou menos um mês de idas e vindas ao Hospital do Coração, de visitas a UTI e de um coma que já não acabava mais. Vovó Paé contou para mim que tentou conversar com a mãe dela antes do coma, perguntando se ela sabia quem era. Vovó Guilhermina, que já não estava muito consciente, disse: “não é Dunga? É Alexandre”.

Numa sexta-feira à noite, enquanto eu ficava aperreando mainha para a gente assistir “Carandiru” no cinema, pois só poderia assistir ao filme acompanhado de um maior de idade, o telefone tocou. E, como era tio Hércules e muito raramente tio Hércules ligava lá para casa, eu já imaginava qual era a notícia.

Mainha ficou chorosa, com o rosto mais vermelho do que o usual. Começou a ligar para outras pessoas e a informar que vovó Guilhermina tinha morrido. O meu cinema de sexta-feira furou, além de que o sábado seria dia de enterro. O domingo, que já seria um dia das mães sisudo com a situação da bisavó, só se tornaria um pouco mais lamentável.

No cemitério, já se encontrava diversos familiares ao redor do caixão, dentro da capela. Eu não consegui entrar e fiquei escutando a missa do lado de fora, observando a situação distante juntamente com minhas duas irmãs mais velhas. Lembro que o clima estava muito agradável, lembro como eu achei ótimo as meninas da ginástica terem ido ao enterro e dá um apoio para vovó Paé. Lembro também o quão eu fiquei incomodado com pessoas usando óculos escuros dentro de uma capela, como se fosse vergonhoso mostrar lágrimas em um enterro.

Até o fim da missa, eu não chorei. Só que a minha avó Paé, que até então não tinha falado nada, se pronunciou. Não lembro muito bem quais foram as palavras delas, mas a mensagem foi mais ou menos assim: “Quando eu era criança, mamãe tinha a pele muito vermelha e desgastada. Ela achava que aquilo era contagioso e pedia para a gente não ficar abraçando ela. Só que aquilo não era contagioso. Hoje eu percebi que não vou poder mais abraçá-la. Queria dizer para vocês, filhos e netos, que sempre que puder abraçar seu pais, sua mães ou seus avós, abrace-os”.

Aquelas poucas palavras fizeram com que eu e as minhas irmãs se aproximassem para dentro da capela. E, se até então eu estava mais atento em pequenas bobagens, eu percebi que vovó Guilhermina iria fazer falta para muita gente. Foram as palavras de vovó Paé, juntando-se ao corpo daquela velhinha dentro de um caixão, que fizeram com que eu começasse a chorar.

O choro, no entanto, se intensificou, porque eu fui me sentar ao lado da minha mãe, que soluçava na primeira cadeira em frente ao caixão. Ela, que estava muito abalada, encostou a cabeça no meu ombro. Eu poderia ter pego as palavras de vovó Paé e ter abraçado minha mãe, mas eu me senti tão frágil que não consegui fazer isso.

A lição que acabara de ser ensinada, que era de fazer demonstrações de afeto enquanto a gente pode demonstrar, já não era cumprida. Posso não ter abraçado a minha mãe naquela hora, mas a mensagem ficou. Até hoje essas palavras me tocam profundamente. Se vovó Paé colocou “cafajeste” no meu vocabulário, ela também fez com que eu aprendesse a importância de abraçar e, sobretudo, que o melhor dia de demonstrar afetos para parentes e companheiros é o dia de hoje, antes que fique tarde demais.açado a minha mãe naquela hora, mas a mensagem ficou. Até hoje essas palavras me tocam profundamente. Se vovó Paé colocou “cafajeste” no meu vocabulário, ela também fez com que eu aprendesse a importância de abraçar e, sobretudo, que o melhor dia de demonstrar afetos para parentes e companheiros é o dia de hoje, antes que fique tarde demais. tocam profundamente. Se vovó Paé colocou “cafajeste” no meu vocabulário, ela também fez com que eu aprendesse a importância de abraçar e, sobretudo, que o melhor dia de demonstrar afetos para parentes e companheiros é o dia de hoje, antes que fique tarde demais.sagem ficou. Até hoje essas palavras me tocam profundamente. Se vovó Paé colocou “cafajeste” no meu vocabulário, ela também fez com que eu aprendesse a importância de abraçar e, sobretudo, que o melhor dia de demonstrar afetos para parentes e companheiros é o dia de hoje, antes que fique tarde demais.e intensificou, porque eu fui me sentar ao lado da minha mãe, que soluçava na primeira cadeira em frente ao caixão. Ela, que estava muito abalada, encostou a cabeça no meu ombro. Eu poderia ter pego as palavras de vovó Paé e ter abraçado minha mãe, mas eu me senti tão frágil que não consegui fazer isso.

A lição que acabara de ser ensinada, que era de fazer demonstrações de afeto enquanto a gente pode demonstrar, já não era cumprida. Posso não ter abraçado a minha mãe naquela hora, mas a mensagem ficou. Até hoje essas palavras me tocam profundamente. Se vovó Paé colocou “cafajeste” no meu vocabulário, ela também fez com que eu aprendesse a importância de abraçar e, sobretudo, que o melhor dia de demonstrar afetos para parentes e companheiros é o dia de hoje, antes que fique tarde demais.