No filme “Os Sonhadores”, de
Bernardo Bertolucci, três jovens se trancam num apartamento durante as revoluções da França no maio de 1968. O personagem americano, dentro da
banheira em conjunto com um casal de irmãos, sente aquele momento como
inigualável, único. Compreendendo que aquilo também era sentido por os jovens
que ali vivenciavam aquele momento, fez uma pequena declaração: “eu amo vocês”.
Os outros dois ficaram um tanto
impassíveis. Não demonstraram uma reação muito emotiva, apenas falaram “Obrigado.
Eu também”. Enquanto isso, o americano fica tristonho. Se eu fosse o americano,
eu tiraria duas conclusões:
1. Eles estão vivendo aquele momento não como algo
tão importante e saliente, mas apenas como uma vivência, trata-se de uma
relação passageira. São apenas joguinhos sobre filmes, apostas sexuais e nudez
banalizada; ou
2. Também experimentam aqueles dias como realmente únicos,
ótimos, pessoalizados. Porém o sentimento não precisa/deve ser expresso - o
amor está por baixo de outras declarações.
Eu gostaria muito de acreditar que
se tratava da segunda opção, mas o personagem francês, Louis Garrell, sai às
ruas e participa das manifestações. Neste momento, ele deixa para trás a casa, a
irmã e todas aquelas pequenas mentiras. E é esta a constatação melancólica do
personagem americano: ele não é amado como ama. A expressão dos sentimentos, em
suas mais diversas maneiras, é tão importante. A falta de expressão não aproxima, só distancia.
Hoje eu me senti assim.