quarta-feira, 24 de julho de 2013

Estou eu aqui com discussões novas sobre o Talal Asad. E eu fico pensando como as nossas escolhas teóricas são produtos de uma articulação com a nossa pauta de anseios políticos. Ele, ao deslegitimar noções de religião como um ópio da sociedade, mostrando que "religião" é um conceito hegemônico utilizado por "secularistas" que serve para expurgar diferentes visões de mundo, demonstra que o que se emerge é uma "não tolerância". Para quem é laico ou ateu, a religião significa apenas fetichizar, realizar rituais para ordenar o mundo e fazer suportar as desgraças da vida. E, como uma falsa consciência, ela é tolerada quanto domino da "crença", ou, como fala Emerson Giumbelli, do que se pode ser considerado "opinião". Porém, quando essa opinião mobiliza e tem efeitos no que é tido como "verdades" do mundo, tendo efeito no sistema econômico, jurídico e político, dando um sentido "religioso" ao curso natural do estado e se mostrando contrário ao que é tido como "laico", ela se torna um "problema". A religião "foge" do seu lugar. Ela "polui".

O que se apresenta é que a religião é uma categoria historicamente produzida e que explicar determinados contextos a partir dela significa uma má interpretação do ponto de vista dos nativos. O islamismo, para Talal Asad, não é compreendido pelos muçulmanos egípcios como a gente compreende o que é religião. Talvez o islão seja para os muçulmanos o que a verdade é para a modernidade. É, a partir dessa comparação, que se é possível fazer uma antropologia simétrica. 

Isso, para além de uma interpretação do outro mais fidedigna, de colocar conceitos em posições de igualdade, permite também que a gente não veja o outro como falsa consciência. Não concordo com evangélicos quando estes dizem que "Deus diz que homem não pode casar com homem", mas eu não diria que ele crê e eu sei a verdade. Se a igualdade é um valor na antropologia, e se a gente quer de fato tratar as diferentes conformações sociais e culturais como uma diversidade, então é necessário, tanto epistemologicamente quanto politicamente, colocar em pé de igualdade diferentes formas de pensar o mundo.

domingo, 7 de julho de 2013

Por que eu não gosto de poesias?

Poesias. Eu gosto do ritmo, eu gosto da batida, das rimas. Mas eu não vejo pessoas falando na segunda pessoa. Alguns escritores assumem este tempo verbal apenas quando estão num momento escrito. Além disso,  fazem analogias com universos tão distantes, quando o mais provável seria que utilizassem de analogias e metáforas banais, do dia-a-dia. "Ó, por que amastes aos que lhe faz desvanecer?", quando eu uso de palavras como "Poxa... você só gosta de quem te faz mal?". A mensagem fica mais direta, imagino, supondo que palavras que usamos com mais frequência sejam mais facilmente perceptível do que termos de difícil alcance. 
Por outras razões, entretanto, que me fazem pensar que poesia não me absorve. São, em geral, bastante conceituais, com pouca narrativas e sempre voltada para ideias amorosas. Por isso prefiro ler prosa.