sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Vamos ceder enfim a tentação das nossas bocas cruas. Sinto que a vida vai agonizando uma paixão vadia, feito uma hemorragia. Mas agora ela coagulou.

domingo, 18 de agosto de 2013

meta

Uma ênfase tônica diferenciada no "e" de "meta" faz com que esse conjunto de letras tenha diferentes significados. Um é quase um mero prefixo, "meta", de metanarrativa, de metalinguagem, metáfora. Um /e/ fechado, por sua vez, traz o imperativo de "meter", enfiar. Escrevendo, lembro-me de que também pode ser de meta, objetivo.

Eu fico pensando o que foi a minha noite, qual foi "meta" preponderante.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Estou eu aqui com discussões novas sobre o Talal Asad. E eu fico pensando como as nossas escolhas teóricas são produtos de uma articulação com a nossa pauta de anseios políticos. Ele, ao deslegitimar noções de religião como um ópio da sociedade, mostrando que "religião" é um conceito hegemônico utilizado por "secularistas" que serve para expurgar diferentes visões de mundo, demonstra que o que se emerge é uma "não tolerância". Para quem é laico ou ateu, a religião significa apenas fetichizar, realizar rituais para ordenar o mundo e fazer suportar as desgraças da vida. E, como uma falsa consciência, ela é tolerada quanto domino da "crença", ou, como fala Emerson Giumbelli, do que se pode ser considerado "opinião". Porém, quando essa opinião mobiliza e tem efeitos no que é tido como "verdades" do mundo, tendo efeito no sistema econômico, jurídico e político, dando um sentido "religioso" ao curso natural do estado e se mostrando contrário ao que é tido como "laico", ela se torna um "problema". A religião "foge" do seu lugar. Ela "polui".

O que se apresenta é que a religião é uma categoria historicamente produzida e que explicar determinados contextos a partir dela significa uma má interpretação do ponto de vista dos nativos. O islamismo, para Talal Asad, não é compreendido pelos muçulmanos egípcios como a gente compreende o que é religião. Talvez o islão seja para os muçulmanos o que a verdade é para a modernidade. É, a partir dessa comparação, que se é possível fazer uma antropologia simétrica. 

Isso, para além de uma interpretação do outro mais fidedigna, de colocar conceitos em posições de igualdade, permite também que a gente não veja o outro como falsa consciência. Não concordo com evangélicos quando estes dizem que "Deus diz que homem não pode casar com homem", mas eu não diria que ele crê e eu sei a verdade. Se a igualdade é um valor na antropologia, e se a gente quer de fato tratar as diferentes conformações sociais e culturais como uma diversidade, então é necessário, tanto epistemologicamente quanto politicamente, colocar em pé de igualdade diferentes formas de pensar o mundo.

domingo, 7 de julho de 2013

Por que eu não gosto de poesias?

Poesias. Eu gosto do ritmo, eu gosto da batida, das rimas. Mas eu não vejo pessoas falando na segunda pessoa. Alguns escritores assumem este tempo verbal apenas quando estão num momento escrito. Além disso,  fazem analogias com universos tão distantes, quando o mais provável seria que utilizassem de analogias e metáforas banais, do dia-a-dia. "Ó, por que amastes aos que lhe faz desvanecer?", quando eu uso de palavras como "Poxa... você só gosta de quem te faz mal?". A mensagem fica mais direta, imagino, supondo que palavras que usamos com mais frequência sejam mais facilmente perceptível do que termos de difícil alcance. 
Por outras razões, entretanto, que me fazem pensar que poesia não me absorve. São, em geral, bastante conceituais, com pouca narrativas e sempre voltada para ideias amorosas. Por isso prefiro ler prosa.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Meu dia 6 de maio de 2013

Enquanto estava sonhando com os amores passados, meu irmão me acordou. "Alexandre, cadê a chave do carro?". O aborrecimento, para além do sono interrompido, foi por causa do ouvido que voltou a acumular secreção. Sim, eu tenho um tímpano perfurado que, com qualquer corpo estranho, inflama. E aí as dores começam a surgir, porque dormir faz esquecer tantas dores (exceto as memórias que continuam frescas). Levantei às 10h00 e entrei na internet... tomei banho, lavei os cabelos, tentei ler alguma coisa. Talal Asad tem sido uma inspiração antropológica, as ideias de transformar a antropologia menos secular tá me deixando cheio de tesão para modificar a antropologia nacional que não procura observar a religiao a partir de uma noção mais básica: a de que é uma categoria nativa. Mas isso pouco importa. Uma ansiedade ocasionada pela falta de sistematicidade sobre a leitura e sem muita vontade de estudar. Por que? Serão as dores de ouvido, será uma falta de orientação melhor sobre o que estudar, sobre o que ler, sobre quais serão seus objetos de estudo? 
Mês de abril foi muito caro pra mim e até agora a bolsa de mestrado não caiu. Estou preocupado porque esse mês, de fato, eu não economizei: paguei parte da minha viagem pra Santiago, paguei nutricionista, comprei antibióticos pra esse ouvido tosco.... tudo perdido! E fui pra UnB ver se o mundo passa, se tudo melhora, se eu recebo uma notícia mais feliz. O humor já não tava muito bom e, o que eu esperava ser um SS, veio um MS. De boa... hehehe (de boa o caralho!).
Conversei com Chiquinho, conversei com Paloma, conversei com Deinha, conversei com Raysa, conversei, conversei. A antropologia hoje foi deixada de lado, asism como tinha deixado nos dias anteriores. Giddens ficou com uma leitura muito fajuta, porque cansou a filosofia que se diz sociológica, mas incapaz de fazer da empiria um argumento importante. Cansado de masturbações intelectuais, pensei em me inscrever num projeto de formação no Timor Leste de professores de português. Mas eu não acho que isso seja possível, acredito que ainda me falta tanto feijão com arroz...
Voltei para casa com meus pais às 18h00. E conversando sobre a possibilidade de ir ao Timor Leste, minha mãe, no carro, disse que me achava mais teórico do que etnógrafo, pelas coisas que eu escrevia
. Não era muito o que eu queria escutar e talvez muito do que hoje escrevo seja em busca de afirmar pros quatro cantos do mundo: "então, eu consigo escrever percepções do meu dia!". Mas, neste momento, eu tô muito seletivo sobre o que aconteceu no meu dia, eu não gostaria de expor todas os pormenores chatinhos como minha visita a sitios pornográficos ou a acusação feita pelo Chico de que toda a minha raiva se deve ao MS que eu tirei. Etnografia sem teoria é tãããão chata...
Chegando em casa, tive muitos motivos de riso. Minha irmã contou que gemia de noite pra minha irmã ficar assustada. Quando essa acendia a luz, ela perguntava "Paula, você quem tava fazendo esse barulho?". Ela fazia a louca e dizia: "oi? nao escutei... tava dormindo". Maria Luisa desligava a luz de novo e voltava "grrrrr...". ahahahahahaha Ri muito.
Depois entrei na internet e conversei com Hugo Batista, amiguinho do Chico do Rio de Janeiro. Um doce de menino, fofo. Também conversei com a Paloma, falando pra ela sobre as coisas do dia a dia e as taxas de hormônio que aumenta a libido (libido, para mim, deveria ser masculino... onde já se viu palavra feminina com "o" no final?). Fiquei com vontade de me candidatar a uma vaga de doutorado na USP, meio que querendo mudar de instituição pro doutorado, mas talvez mais querendo mudar de ares, de cidade... Ganhar dinheiro e ser independente por um tempo seria uma boa.


É isso meus lindos. Talvez tudo que me disseram hoje seja verdade. Talvez eu seja um bom teórico e um mau etnógrafo, talvez meu dia seja ruim por causa do MS em instituições. Há uma vontade de contrariar todas essas coisas. Os meios para isso? Ficar de boa com meu dia, tomar antibióticos pra a inflamação, fazer um bolo pra a Paloma e terminar tudo o que me propus a fazer (conversar com a possivel orientadora na USP e me inscrever no projeto pro Timor Leste). Para a acusação da minha mãe, eu teria de continuar esse blog com os detalhes mais pormenores do meu dia-a-dia, contando as picuinhas mais inúteis, mas ao mesmo tempo tornando-o super maçante.

Beijos!

(para Paloma).


segunda-feira, 22 de abril de 2013

domingo, 21 de abril de 2013

Brasília - 53 anos

Nos últimos momentos do dia 21 de abril, cá estou eu comentando sobre a cidade que eu moro há 9 anos. O que me faz pensar é que Brasília marca minha trajetória, porque é a cidade que mais tempo eu morei. Interessante perceber, no entanto, que esse post só demonstra a eficiência que o estado nação possui em movimentar minha trajetória. Começando pelo idioma que aqui escrevo, além das idéias de aniversário de uma cidade em comemoração à Inconfidência Mineira, eu apenas estou aqui pelo modelo de organização social que me fez movimentar para o centro geométrico de um território. Primeiro por um país que centraliza seu funcionalismo público nesta localidade, que fez com que minha mãe viesse ao planalto central em busca de uma melhor renda. Depois por me fazer estudar por onde estudei, na crença de que a universidade de brasília era o melhor espaço para aprender. Brasília que também me fez estudar direito, mas que também me relegou a antropologia. Brasília que foi experimentada pelas formas específicas de interação, do anonimato dos seus setores organizados.
Eu gosto dela [as]sim.


sexta-feira, 19 de abril de 2013

Memórias estão frescas

Estou aqui sentado nu no chão, apoiando meu computador na cama e escutando a música da trilha sonora do O Piano. Esse estado de espírito poderia ser fofinho, de alguém que está bem na sua privacidade e com a vida. Mas as memórias voltaram de maneira tão intensa que eu fico aqui pensando se o que aqui se expressa é muito mais uma miséria humana.
Eu não estou querendo mais relacionar o meu presente com essas memórias, mas tudo parece que são as relações que eu quero rejeitar que fazem com que eu tente relembrar desse meu passado. É a vinda de alguém para o Distrito Federal ou seria mais alguma notícia de que o mundo quer me colocar em um relacionamento sério? Eu que estava super tranquilo e sem ânsia de ter de tomar conta dos sentimentos dos outros porque parece que eu sou um trator de destruição nas vidas das pessoas, alguém que ocasiona uma série de tristezas e desalegrias... 
Eu queria tanto mais ficar com vontade de escrever sobre os missionários, sobre a produção da alteridade, sobre como eles pensam a mudança social... não estava em busca de moradias, de cuidados financeiros,de tanta beleza que há na vida que me faça sentir pressionado.
Ermitão é o medo que eu tenho de ser ou de me transformar, mas acho que preciso ficar em paz comigo mesmo.

Um beijo.