segunda-feira, 6 de maio de 2013

Meu dia 6 de maio de 2013

Enquanto estava sonhando com os amores passados, meu irmão me acordou. "Alexandre, cadê a chave do carro?". O aborrecimento, para além do sono interrompido, foi por causa do ouvido que voltou a acumular secreção. Sim, eu tenho um tímpano perfurado que, com qualquer corpo estranho, inflama. E aí as dores começam a surgir, porque dormir faz esquecer tantas dores (exceto as memórias que continuam frescas). Levantei às 10h00 e entrei na internet... tomei banho, lavei os cabelos, tentei ler alguma coisa. Talal Asad tem sido uma inspiração antropológica, as ideias de transformar a antropologia menos secular tá me deixando cheio de tesão para modificar a antropologia nacional que não procura observar a religiao a partir de uma noção mais básica: a de que é uma categoria nativa. Mas isso pouco importa. Uma ansiedade ocasionada pela falta de sistematicidade sobre a leitura e sem muita vontade de estudar. Por que? Serão as dores de ouvido, será uma falta de orientação melhor sobre o que estudar, sobre o que ler, sobre quais serão seus objetos de estudo? 
Mês de abril foi muito caro pra mim e até agora a bolsa de mestrado não caiu. Estou preocupado porque esse mês, de fato, eu não economizei: paguei parte da minha viagem pra Santiago, paguei nutricionista, comprei antibióticos pra esse ouvido tosco.... tudo perdido! E fui pra UnB ver se o mundo passa, se tudo melhora, se eu recebo uma notícia mais feliz. O humor já não tava muito bom e, o que eu esperava ser um SS, veio um MS. De boa... hehehe (de boa o caralho!).
Conversei com Chiquinho, conversei com Paloma, conversei com Deinha, conversei com Raysa, conversei, conversei. A antropologia hoje foi deixada de lado, asism como tinha deixado nos dias anteriores. Giddens ficou com uma leitura muito fajuta, porque cansou a filosofia que se diz sociológica, mas incapaz de fazer da empiria um argumento importante. Cansado de masturbações intelectuais, pensei em me inscrever num projeto de formação no Timor Leste de professores de português. Mas eu não acho que isso seja possível, acredito que ainda me falta tanto feijão com arroz...
Voltei para casa com meus pais às 18h00. E conversando sobre a possibilidade de ir ao Timor Leste, minha mãe, no carro, disse que me achava mais teórico do que etnógrafo, pelas coisas que eu escrevia
. Não era muito o que eu queria escutar e talvez muito do que hoje escrevo seja em busca de afirmar pros quatro cantos do mundo: "então, eu consigo escrever percepções do meu dia!". Mas, neste momento, eu tô muito seletivo sobre o que aconteceu no meu dia, eu não gostaria de expor todas os pormenores chatinhos como minha visita a sitios pornográficos ou a acusação feita pelo Chico de que toda a minha raiva se deve ao MS que eu tirei. Etnografia sem teoria é tãããão chata...
Chegando em casa, tive muitos motivos de riso. Minha irmã contou que gemia de noite pra minha irmã ficar assustada. Quando essa acendia a luz, ela perguntava "Paula, você quem tava fazendo esse barulho?". Ela fazia a louca e dizia: "oi? nao escutei... tava dormindo". Maria Luisa desligava a luz de novo e voltava "grrrrr...". ahahahahahaha Ri muito.
Depois entrei na internet e conversei com Hugo Batista, amiguinho do Chico do Rio de Janeiro. Um doce de menino, fofo. Também conversei com a Paloma, falando pra ela sobre as coisas do dia a dia e as taxas de hormônio que aumenta a libido (libido, para mim, deveria ser masculino... onde já se viu palavra feminina com "o" no final?). Fiquei com vontade de me candidatar a uma vaga de doutorado na USP, meio que querendo mudar de instituição pro doutorado, mas talvez mais querendo mudar de ares, de cidade... Ganhar dinheiro e ser independente por um tempo seria uma boa.


É isso meus lindos. Talvez tudo que me disseram hoje seja verdade. Talvez eu seja um bom teórico e um mau etnógrafo, talvez meu dia seja ruim por causa do MS em instituições. Há uma vontade de contrariar todas essas coisas. Os meios para isso? Ficar de boa com meu dia, tomar antibióticos pra a inflamação, fazer um bolo pra a Paloma e terminar tudo o que me propus a fazer (conversar com a possivel orientadora na USP e me inscrever no projeto pro Timor Leste). Para a acusação da minha mãe, eu teria de continuar esse blog com os detalhes mais pormenores do meu dia-a-dia, contando as picuinhas mais inúteis, mas ao mesmo tempo tornando-o super maçante.

Beijos!

(para Paloma).


2 comentários:

  1. Beijos pra vc tb! Vou acabar sofrendo um atentado dos seus admiradores! rs. Adorei o texto, achei muito franco! Eu não conseguiria escrever algo tão sincero [eu sei que muito ficou de fora, mas mesmo assim é intimista] sobre meus sentimentos, desventuras e imaginário no dia de hoje. E acredito que o mais difícil em um relato desse tipo é descrever os sentimentos ao leitor e interpretá-los de forma convincente ou mesmo só apontar direções. Descrever pormenores e sequencias intermináveis de eventos é mais fácil.

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  2. Achei meio "classe-média-sofre", mas compartilho de algumas dessas dores.

    Bem, um texto que é para leitores específicos (não vai querer que a sua tia do DAN leia isso, né?). No mínimo fiquei com um duplo ciúmes: da conversa com o MEEEEU "melhor amigo" aquém do meu controle (Maldita globalização e canais de comunicação virtuais!) e por essa troca de bolos infinita com a Paloma (nada contra, Palominha, mas eu também gosto de milho e chocolate! fiquem com a dica ;)

    Quanto às coisas sérias, acho que você não teve ainda uma oportunidade nem de ser etnógrafo nem de ser etnólogo. Então fico com a sua melhor qualidade: a de um excelente leitor (capacidade rara e na qual você se destaca muitíssimo!)

    As dores do corpo desestabilizam mesmo, como hiponcondríaco crônico, eu as tenho sem nem as ter. "Ou seje", sempre pode ser pior. Aproveite o tímpano perfurado como desculpa para não ouvir as idiotices dos idiotas do dia-a-dia.

    SS, MS,.. são classificações hierarquizantes que ora enaltecem ora derrubam, mas que, cá entre nós, não passam de piada.

    Levante para vida, porque seu score essa semana foi OITO(!) e você tem bons amigos e uma dissertação ;)

    Beijos!

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