Em 2004, escrevia um jornal feito no Complexo
Educacional Contemporâneo, em Natal. O jornal se chamava “Dê Niu Iorqui Taimes” e tratava basicamente de fofocas internas
da turma, com piadinhas sobre colegas de sala. Era bastante divertido, apesar
de ter algumas piadas homofóbicas que hoje eu não faria e, em muitos sentidos,
era potencialmente uma fonte para bullying.
Quando
vim para Brasília, ele foi extinto. Mas as pessoas quiseram assumir a ideia, surgindo
novos escritores e novos jornal. Acho que foi Guma, Pedro Barros, Marília e outras pessoas que
continuaram a escrita dele. Não lembro bem
Dois meses depois, jornais foram proibidos pela
direção da escola. A coordenação, em conjunto com a diretoria, afirmou que o
jornal não tinha nada de educativo, de modo que seria um desperdício de tempo a
apresentação dele na frente da sala. Oito anos se passaram e eu já via tal
explicação como bastante tosca. O que eu penso hoje só confirma o quão imbecil
é um educador afirmar que um jornal publicado por alunos não é um processo
educativo. Antes fosse afirmando que o jornal era um foco de bullying (o que eu
acredito que não fosse), mas não. O que apenas foi dito era que aquilo era um
desperdício de tempo e uma deseducação. Eu não sei se preciso explicar isto, mas aquele jornal era
capaz de desenvolver muitas habilidades nos estudantes. A escrita, a leitura,
oratória, conhecimento de gêneros textuais, desenvolvimento crítico, observação
dos fatos sociais, etc.. Mas o autoritarismo de uma escola é incapaz de
permitir iniciativas que não sejam constituídas pela equipe pedagógica.
Quando o jornal foi censurado, fiz críticas no
antigo fotolog da turma. Pelas críticas, a diretoria ligou para minha mãe e conversou
sobre esse texto, porque aquilo era propaganda negativa. Com isto, deletei o
texto, meio que com medo do que poderia acontecer, como um processo judicial
por injúria. Hoje, como sou advogado, sei muito bem que o que eu disse não era,
nem de longe, algo errado. Uma iniciativa como a menina do “Diário de Classe”,
pelo contrário, tem sido vista como bastante positiva. Queria ter continuado a
escrever minhas críticas àquela escola, só que escutei dos meus queridos pais
que “merda a gente faz no sanitário”. =(
Hoje eu entrei no sítio eletrônico da minha
escola em Natal (http://www.contemporaneo.com.br). Não sei como está a
administração da escola dentro de sala de aula, quais são as tensões existentes
entre alunos e corpo docente, mas o sítio eletrônico já demonstra como são lamentáveis as
concepções de educação que se há naquela escola. O ensino médio não é
apresentado como simplesmente “ensino médio”, mas como “ensino
médio/pré-vestibular”.
Por que pensar o ensino médio como
pré-vestibular? Este nível da educação deveria ser auto-suficiente, por mais
que seja desejoso aos estudantes continuar seus processos de formação na
educação superior. É um desserviço acreditar que aquilo é uma etapa que se
coroa pela conquista de uma vaga na Universidade. Essa ideia é tão naturalizada
que o terceiro ano do ensino médio não é chamado de “3º”, mas de “pré”. E, como
eu lembro, o "pré" não precisaria se dedicar à educação física e não
participa das atividades extra-curriculares da escola. Muito pelo contrário: os
“pré-vestibulandos” devem se centrar nos estudos para o vestibular, fazendo uma
revisão completa de todas as disciplinas do ensino médio.
Terminado o que eu tenho a comentar, uma pergunta que não quer calar: será que vão ligar aqui pra casa depois de
reclamar sobre minhas críticas?

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