(- Quem é você? Católico, judeu, muçulmano? - Um ser humano...)
Em certo sentido, a ideia de algo superior às "religiões", "gêneros", "raças", "identidade de gênero" pode ter, no final das contas, efeitos disciplinares tremendos, porque talvez a ideia de "humanidade" possa ser campo mais plural e de disputas de significados do que se imagina. Um exemplo disso são as controvérsias quanto ao uso do véu islâmico na sociedade francesa. A concepção de "humanidade" dos franceses fazem com que o uso do véu seja compreendido como uma afronta à humanidade. Foi nesse sentido que a corte europeia endossou a Lei francesa que proibiu o uso do véu nos espaços públicos:
"Os juízes da corte, com sede em Estrasburgo, decidiram por 15 a 2 votos
que a proibição não viola a liberdade religiosa e tem por objetivo
garantir "o respeito ao conjunto mínimo de valores de uma sociedade
democrática aberta", o que inclui abertura à interação social." (retirado do sítio eletrônico http://portugues.notimerica.com/sociedade/noticia-corte-europeia-endossa-proibico-do-veu-integral-na-franca-20140701201833.html)
O que, para mim, não significa qualquer afronta à humanidade daquelas mulheres, grande parcela da sociedade francesa vê como violência de gênero. Então eu, de início, já fico reticente em comprar qualquer ideia de "humanidade", porque "humanidade" pode significar uma justificativa para que muitas pessoas, em prol de direitos humanos, realizem atos de violência e de exclusão moral. Eu já falei, vou repetir. Eu já falei, vou repetir...


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